Com
a ampliação dos conceitos de liberdade de expressão e tolerância
religiosa, se torna cada vez mais comum observarmos que os médiuns,
sensitivos ou pessoas de poderes psíquicos notáveis saírem dos
seus armários para anunciar a amigos próximos ou virtuais os
eventos que lhes acontecem.
Desse
modo não é nada incomum lermos em grupos ou postagens nas redes
sociais os relatos de novos videntes, sensitivos, projetores astrais,
psicógrafos, psicômetros e assim por diante. Tais irmãos,
obviamente, estão entre o espanto e a excitação acerca do
descobrimento de suas faculdades psíquicas ou mediúnicas.
Percebem-se
relatos sobre ver espíritos, vultos, sentir a energia do outro, ler
pensamentos, sair do próprio corpo, “incorporar” um espírito ou
ler a história de objetos ao tocá-los. Claro, tudo isso pode ser
extremamente dificil para alguém que nunca tenha entrado em contato
com tais temas, ou que tenha conhecimento de tais assuntos através
das histórias fantasiosas de livros e filmes de ficção.
Isto
tudo é bastante assustador para um adolescente ou adulto jovem que
se vê em meio a tais fenômenos de repente. A cultura
tradicionalista e a fé em religiões incapazes de explicar tais
temas mais atrapalham do que ajudam o sensitivo ou médium neófito.
Declaro,
para fins de explicação breve, que a sensitividade é a capacidade
de sentir além dos cinco sentidos básicos, ou ainda ter estes em um
grau de sensibilidade muito apurado a ponto de perceber coisas
não-físicas, como auras, energias, cheiros espirituais, dentre
outros. A mediunidade, todavia, é qualquer faculdade humana latente
ou em plena atividade capaz de permitir a comunicação com os
espíritos humanos, dévicos ou elementais por exemplo. As faculdades
psíquicas são capacidade físicas e mentais que permitem que um ser
humano obtenha informações das quais poucos tenham acesso, sem que
isso possua, necessariamente um caráter espiritual, tais como a
telepatia e a psicometria.
O
tema desta postagem, entretanto é falarmos acerca da educação e
desenvolvimento da mediunidade. Considero esta distinção importante
por que tenho visto em fóruns jovens falarem acerca de suas
experiências mediúnicas ou psíquicas em fóruns na internet com um
certo espanto e medo, para logo após ouvirem que é necessário
“desenvolver a mediunidade” e “procurar um centro espírita ou
umbandista”. Tais respostas comuns e automáticas se repetem tantas
vezes que me incitou a escrita deste artigo.
Devo
dizer que nem toda experiência espiritual é mediúnica e nem toda
mediunidade precisa ser “desenvolvida” ou “trabalhada”.
Acontece que muitos desses jovens estão passando por momentos de
expansão de consciência, os quais muitas vezes vêm acompanhados de
sofrimentos psicólogicos, o que é normal e chamo de “período de
transição”. Esses momentos de expansão de consciência são
muitas vezes dolorosos e o jovem sente-se triste e até mesmo
depressivo. Tenho visto pessoas falarem que estes jovens estão
“obssediados” (com um espírito que lhes fazem sofrer
propositalmente ou não). Todavia na maioria das vezes isto não é
verdade. É apenas uma época de transição na qual tais jovens
experimentam sensações e vivências que lhes fazem expandir sua
visão espiritual ou psíquica. Tais experiências podem cessar ou
continuar por toda a vida depois dessa transição.
O
que é uma época de transição? No tarô a transição é
representada pela carta XIII (13), a Morte. A Morte representa o fim
do velho e o nascimento do novo. A adolescência (período no qual a
maioria entra em contato com tais experiências) é o período da
morte do infante e o nascimento do adulto. A transição se nota
também nos períodos de crise de relacionamentos, gravidez e assim
por diante.
Com
isto quero dizer que se alguém aflora a própria mediunidade e com
isso sente dores, sofrimentos ou tristezas não necessariamente está
obssediada e menos ainda precisa desenvolver a mediunidade. Na
maioria das vezes tais processos ocorrem por uma ampliação de
percepção e tais pessoas “ajustam a frequência do sua rádio”
para uma ou mais estações acima, isto é, se torna mais afinadas
com o mundo espiritual.
O
que todos precisamos é compreender a mediunidade, educá-la,
conhecê-la. Compreender a mediunidade é conhecer mais sobre si
mesmo, saber seus limites e potenciais. Para alguns educar a
mediunidade é a chance que se tem para seu próprio equilíbrio,
entender que cada um é dono do seu próprio corpo. Se uma entidade
de alto estirpe ou não deve usar seu corpo para fazer o bem ou não
diz respeito somente ao médium.
O
desenvolvimento da mediunidade não é para todos. A educação da
mediunidade, quando aflorada ou em vias de aflorar é sim, um direito
universal, pois educar não significa “dar passagem”, mas ter o
controle do “abrir” e do “fechar” da mesma de acordo com a
vontade do médium ou ainda conhecer os mistérios do próprio corpo
e espírito. Educar-se é um processo de autoconhecimento.
Quero,
pois, encerrar este artigo ratificando a importância do conhecimento
da mediunidade e da sensitividade como elementos para a evolução
pessoal. Não importa se você é um psíquico, médium ou sensitivo.
Você não tem obrigação de desenvolver ou praticar nada. Estudar é
o seu dever. Se autoconhecer é o seu dever. Fazer o bem é o seu
dever. A mediunidade pode servir para alguns, talvez para você,
talvez não. Somente o estudo e a reflexão lhe dirão isso.
Não
tenha medo, nada de mau irá lhe acontecer se você não desenvolver
sua mediunidade. Duas coisas porém são necessárias e você pode
começar a fazer hoje: estudar e praticar o bem.
Muita
luz e paz.
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